O mindfulness, ou meditação da consciência, consiste em um conjunto de práticas e experiências por meio das quais aprimoramos as habilidades de atenção e observamos o que está acontecendo dentro e fora de nós, momento a momento.

A pesquisa mostrou que as práticas de atenção plena são capazes de aprimorar a capacidade do cérebro de lidar com flexibilidade com os desafios da existência.

A utilidade dos programas do mindfulness também foi amplamente comprovada na promoção da resiliência e na redução do burnout em ajudar as profissões de ajuda em geral e na profissão veterinária (Kabat-Zinn, 2003; Artemiou, 2017; Luken & Sammons, 2016).

Segundo Kabat-Zinn, o estresse no trabalho afeta as pessoas de maneira diferente, com base em seu ponto de vista e na interpretação das situações.

A atenção plena permite ampliar a perspectiva sobre as coisas e responder às situações de forma consciente, e não automatica.

É particularmente útil integrar esses recursos já no ensino universitário de veterinária. Na verdade, existem dados abundantes na literatura sobre o aumento da satisfação dos alunos após a inclusão de programas baseados em mindfulness nos cursos, e nos benefícios encontrados em termos de resiliência e maior qualidade de vida (Aherne et al., 2016; Shapiro, Schwartz & Bonner, 1998; Hassed et al., 2009).

Nos Estados Unidos, a proposta de treinamento em mindfulness no campo veterinário não se refere apenas ao âmbito académico, mas também à atualização profissional. De fato, a associação para a proteção dos médicos veterinários americanos AVMA (American Veterinary Medical Association) oferece a seus membros treinamentos específicos em mindfulness para a qualidade e o sucesso da profissão veterinária.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também indica a educação para a consciência, a gestão das emoções, do estresse e da comunicação entre as chamadas "Habilidades para a Vida” (Skills for Life) necessárias para uma boa qualidade de vida.

A inteligência emocional refere-se a qualidades específicas de abertura e disponibilidade no reconhecimento e na gestão das próprias emoções e das emoções dos outros.

 De como o famoso psicólogo americano Daniel Goleman ensina, ao contrário do que se pensava no passado, é a inteligência emocional, e não o QI (quociente de Inteligência) o que determina a possibilidade de viver em plena saúde física e mental, e alcançar o pleno sucesso pessoal e profissional.

Esses são conceitos úteis a serem integrados também na prática médica veterinária, na qual enfrentamos diáriamente o desconforto, tanto de animais doentes quanto dos clientes que, diante de problemas com os animais, experimentam uma sensação de estresse e ansiedade.

Por esta razão, é essencial desenvolver habilidades específicas para a gestão saudável das emoções, evitando de cair em comportamentos contraproducentes para si e para os outros.

Em particular, é essencial investir na capacidade de "empatia sem estresse", uma condição imprescindível para poder comprender o estado emocional do cliente, relacionar-se com ele com mais empatia, e torná-lo mais satisfeito do serviço recebido. Em outras palavras, fornecer a seus clientes um contexto emocional em que possam perceber uma sensação de "estar juntos", onde se sintam "sentidos e compreendidos”.

No artigo "A arte da prática veterinária: contágio emocional humano-animal e comunicação com o cliente" publicado em The Canadian Veterinary Journal, é sublinhado o papel da gestão emocional como abordagem e princípio ativo para o gerenciamento de todos os tipos de assistência veterinária (Milani, 2017).

No artigo intitulado "Minimizando o estresse para pacientes no hospital veterinário: por que é importante e o que pode ser feito sobre isso", publicado na revista Veterinary Sciences em 2017, destaca-se que uma tarefa importante do veterinário é reduzir não apenas medo e dor nos pacientes, mas também ansiedade nos clientes (Lloyd, 2017).

O fato do veterinário estar emocionalmente equilibrado e capaz de animar com a sua presença, tanto o animal quanto o seu dono, é a base do seu sucesso profissional.

Graças às técnicas de neuroimagem, as neurociências descobriram que a separação entre mente e corpo está totalmente errada, identificando o processo subjacente à mudança pessoal na "neuroplasticidade" (isto é, na capacidade do cérebro de mudar-se através da experiência).

Ao registrar as alterações morfológicas e funcionais de estruturas como o córtex pré-frontal, a amígdala, o hipocampo e a área cingulada anterior após a exposição a experiências específicas, a neurociência tornou possível entender que o cérebro responde de uma maneira particularmente saudável as técnicas de conscientização, com efeitos evidentes na mente,  no corpo e na vida emocional e relacional de milhões de indivíduos em todo o mundo.

Essas evidências constituem a base de uma medicina mente-corpo baseada em evidências científicas (Evidence Based Mind-Body Medicine), que vê a mente, o corpo e as emoções como um todo integrado no qual agir a partir de dentro, ativando os recursos regenerativos inatos do organismo na base da saúde e do bem-estar global.

As técnicas de trabalho corporal psicossomático se baseiam na evidência científica de que corpo e mente constituem uma única identidade psicossomática na qual os vários aspectos estão intimamente interconectados.

O princípio por trás da eficácia das técnicas de trabalho corporal psicossomático usadas no VetEBRT diz respeito ao fato de que o sofrimento emocional não é apenas codificado na psique, mas também no campo de energia corporal, produzindo antes tensão e desconforto e, com o tempo, alterando também o funcionamento bioquímico-fisiológico.

Graças a específicos movimentos suaves, técnicas de kinesiologia e a estimulação de pontos energéticos e receptores do corpo (Meissner, Pacini, corpúsculos de Ruffini, discos de Merkel), o estresse psicossomático é liberado imediatamente, evitando respostas emocionais excessivas em situações estressantes.

Graças aos estímulos aferentes que, através das fibras da mielina, atingem o córtex, a amígdala e o hipocampo, é ativada uma sensação de bem-estar interno independente das circunstâncias externas, uma maneira de funcionar capaz de produzir flexibilidade cognitiva e promover autoconfiança, otimismo, coragem e melhoria das habilidades relacionais.